A internacionalização de uma empresa, seja ela de que natureza for, tem sempre algo de aventureiro, mas também de estratégico para todos aqueles que têm ambições de crescer e de diversificar investimento.
Se, para as empresas de alguns países essa tendência surge naturalmente, atendendo à vitalidade e grandeza da sua economia, já para Estados como Portugal, qualquer tentativa de conquista além fronteiras envolve esforço e talento acrescidos, assim como uma dose de elevado de risco.
Em tempos, o politólogo Joaquim Aguiar, e também administrador do Grupo José de Mello, dizia a este autor que Portugal não tinha empresas com dimensão verdadeiramente internacional. Ou seja, o sector privado nacional (verdadeiro sentido da expressão) nunca conseguiu criar empresas com dimensão suficiente para se imporem no estrangeiro (porque empresas "híbridas" como a EDP, a GALP ou a então PT não são mais do que entidades "fabricadas" pelo Estado).
A verdade é que nos últimos anos são cada vez mais as PME's, sobretudo de base tecnológica e com forte aposta no conhecimento, que estão a arriscar em novos mercados. Algumas têm tido resultados interessantes e já são referências em sectores específicos.
É com particular satisfação que se constata que tal tendência se estendeu mais recentemente às empresas da área da comunicação, quer de meios de informação, quer de agências, para o espaço natural de crescimento além fronteiras: África lusófona.
Um mercado difícil e cheio de "esquemas", mas imenso no seu potencial. E para quem conhece minimamente a história político-diplomática entre Portugal e África sabe que mais nenhum país ou povo conhece tão bem aquele continente como os portugueses. Há uma proximidade emocional e relação natural que nunca se perdeu, que os franceses ou os ingleses nunca conseguiram cultivar no Continente Negro.
E é neste contexto que os meios de informação e as agências de comunicação podem assumir particular importância em Luanda, mas apenas se encararem a sua aventura como algo mais do que apenas negócio por negócio.
Em Setembro do ano passado, e a propósito dos projectos em Angola, este autor escrevia aqui "que convém distinguir entre aquilo que são negócios de cariz limitado, nos quais ganhar dinheiro e obter lucro é o objectivo (perfeitamente legítimo e aceitável, diga-se) e investimentos estratégicos de médio e longo prazo".
Mais do que uma questão de comunicação corporate, de eventos ou de produtos na realidade local, a presença em Angola de empresas nacionais especialistas em pensar e comunicar é também uma forma de "soft power" e influência de Portugal junto daquele país.
Em termos bilaterais, não há qualquer dúvida que se criam pontes entre Luanda e Lisboa e abrem-se canais de comunicação que, em abono da verdade, têm estado praticamente bloqueados desde a independência daquele país africano. Na vertente multilateral, as agências de comunicação, através do seu conhecimento e características, podem ajudar a fomentar e estimular o projecto da lusofonia, que teima em não desabrochar.
Ainda quanto ao "soft power" repare-se que há décadas que Paris e Londres, através de diversos canais, comunicam e influenciam em África. Portugal, pelo contrário, apenas agora começou a lançar as primeiras edições locais de jornais portugueses e a abrir sucursais de agências de comunicação (com excepção de uma que já está em Angola há alguns anos).
Daquilo que este autor conhece, há pelo menos três agências já instaladas em Luanda e outra a caminho. O facto de já terem dado esse passo é bastante positivo, esperando-se agora que a sua acção se enquadre numa visão estratégica em que o papel da comunicação não tenha apenas a finalidade do "business", mas seja vista também como um elemento de projecção dos interesses de Portugal em África e de reforço do projecto da lusofonia.
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