Domingo, 8 de Dezembro de 2013

Reflexões Eurobest

O Eurobest é um festival europeu de criatividade e este ano teve lugar em Portugal. Até aqui nada de novo.

 

Sendo um festival de criatividade é, na cabeça das agências de RP, o festival para os copys e os designers.... como grande parte das agências de Relações Públicas e Consultoria de Comunicação não os têm na equipa, ou acham o que seu trabalho não deve ser criativo mas funcional, deixam essa parte para as agências de Publicidade. Essas sim, devem ter pessoas com aspecto dúbio, que só de os observarmos cheiramos a criatividade!

ERRADO!

 

O Eurobest é um evento onde qualquer pessoa de comunicação (e muitas outras áreas) deveria estar presente! É verdade que se foca muito em publicidade, nos mais diversos formatos, mas também aborda a necessidade de criatividade em toda as áreas de comunicação e mesmo a integração entre as várias áreas (já aqui o Salvador da Cunha tinha falado dessas duas tendências/necessidades).

 

Vou dar-lhes um exemplo:

A V-energy, marca de bebidas energéticas, tendo por base o conceito "precisas de energias positivas" criou o V-hab! O V-hab é um centro de reabilitação para os trolls da Internet. No V-hab podem identificar trolls, e até traduzir comentários menos agradáveis para algo divertido.

Esta campanha, que envolve criatividade e internet (ou seja, que a priori as pessoas categorizariam como "uma campanha de agência digital"), foi apresentada pelo cliente (muito satisfeito) e por uma pessoa da agência. Apresentaram todo o processo, identificando um caso em que foi identificado um comentário desagradável de/sobre um famoso e que o aproveitaram para criar buzz sobre a campanha nos meios de comunicação tradicionais...isto é, o responsável do projecto viu a oportunidade e "virou-se para o seu colega da frente, responsável pela área de Relações Públicas" para partilhar o acontecimento e ideia.

 

Isto poderá parecer básico, mas em quantas agências e clientes portugueses isso poderia acontecer? Quando estudamos na faculdade comunicação integrada, como foi o meu curso, idealizamos que um mercado repleto de agências que incorporassem RP, Publicidade, Marketing Directo, Eventos,... e não "fábricas de comunicação", em que cada um produz uma parte e nem sempre o produto final sai perfeito...

 

Aqui ficam os meus 50 cents sobre este assunto.

publicado por Virginia Coutinho às 12:43
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2 comentários:
De Catarina Pinto a 22 de Dezembro de 2013
Este é um assunto de máxima importância na área da comunicação: a comunicação integrada. Como disse, o objetivo não é ter “fábricas de comunicação” em que, para cada área da comunicação (publicidade, relações públicas, promoção de vendas, força de vendas, marketing direto e merchandising), existia um especialista ao qual as empresas recorriam. A ideia (errada) era que esse especialista era o melhor na área e faria o melhor trabalho possível. No entanto, “nem sempre o produto final sai perfeito” e isto acontece porque não há uma articulação entre os diferentes instrumentos de comunicação. Por isso, apesar de haver certos benefícios ao nível dos custos, por exemplo, o resultado final cai por terra, visto não existir uma ligação entre todos os campos da comunicação.
Assim, é necessário (ou obrigatório) planear as ações dos diferentes instrumentos de uma forma integrada, até porque, através desta integração, é possível a gestão da mensagem que o anunciante e a agência querem passar. A CIM (Comunicação Integrada de Marketing) permite um retorno financeiro mas permite, acima de tudo, construir a brand equity e dar valor à marca.
Existem várias formas de conjugar os diferentes instrumentos de comunicação e todos eles são passíveis de serem conjugados. Por exemplo, as relações públicas podem acentuar e aumentar o efeito da publicidade, uma vez que as RP permitem estimular o mercado antes da publicidade e possibilitam a introdução de um produto sem ou com pouca publicidade no mercado. Assim, depois da ação de RP, os consumidores vão estar mais atentos ou suscetíveis à publicidade, apesar de estes serem meios completamente diferentes, já que as RP são meios below-the-line (personalizados) e a publicidade é um meio above-the-line (de massas).
No fundo, a comunicação de uma empresa deve ter uma linha orientadora que todos os criativos devem seguir, de forma a chegar a um resultado coerente, que se adeque à cultura e à política da empresa mas, principalmente, que tenha valor acrescentado para o consumidor. Por isso, a comunicação integrada não deve ser vista como uma obrigatoriedade mas como um investimento.
De Virginia Coutinho a 26 de Dezembro de 2013
Não poderia concordar mais, Catarina!

Obrigada pelo teu comentário e votos de umas boas festas:)

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