Como refere Kotler[3] causas sociais tais como cancro mama, prevenção de comportamentos de risco, sem abrigo, protecção ambiental, entre outras, podem beneficiar destes instrumentos ao lidar com as questões profundas a nível de crenças e valores em detrimento de meras opiniões e preferências!
Mais do que uma moda, esta ferramenta estratégica de marketing e de posicionamento que associa uma empresa ou marca a uma questão ou causa social relevante com benefícios mútuos, representa o corolário da evolução desta disciplina de comunicação evidenciada pela ex-CEO da HP, Carly Fiorina: “As empresas do milénio serão aquelas capazes de provar com as suas acções que podem ser rentáveis e incrementar o valor social… os share e stakeholders irão premiar aquelas que impulsionarão a mudança social através do seu negócio”[4].
Num mercado cada vez mais globalizado e em que os consumidores têm acesso à informação em tempo real, cada vez mais exigentes e criteriosos, são estes que ditam as regras do jogo, revelando o “Inquérito de Evolução de Causas 2007”[5] que as expectativas dos consumidores estão cada vez mais elevadas:
- 92% têm uma imagem mais positiva das empresas que ajudam uma causa que é importante para elas
- 87% mudam de marca (com preço e qualidade idênticos) se a marca concorrente está associada a uma causa
- 88% dos empregados familiarizados com programas de causas têm orgulho nas empresas em que trabalham, 89% demonstram elevada lealdade e 93% terem oportunidades para envolver-se em causas. Empresas que inspiram desta forma o seu capital técnico e intelectual, terão empregados orgulhosos e leais que irão veicular mensagens positivas acerca da empresa junto de familiares e amigos.
- 87% afirmam que desejam empresas que tenham o maior impacto possível em questões sociais e, especificamente em temas de saúde (80%), educação, ambiente e desenvolvimento económico (ex aequo 77%)
- 77% têm em consideração as empresas empenhadas em causas sociais para trabalharem e 66% aquando de investimentos em fundos
Numa era de alianças estratégicas, alinhando Missão e objectivos, esta parece ser a via para uma utilização eficiente e eficaz dos recursos e envolvimento duma empresa no desenvolvimento da mudança social. O sucesso de qualquer campanha de marketing passa, neste sentido, pelo alinhamento de uma causa aos objectivos da marca em que, para além de seleccionar uma iniciativa que incremente a cidadania empresarial, sugere-se que sejam desenvolvidas parcerias sinérgicas com organizações reconhecidas, com interesses e objectivos comuns, assegurando de forma clara a todos os participantes o seu papel, formação e recursos.
Em suma, para além do Negócio pode-se fazer bem e Melhor, de onde resultam benefícios mútuos para ambos os parceiros.
Benefícios para a Causa
- Incrementa percepção pública e preocupação pela Causa através do suporte a esforços de comunicação
- Encoraja clientes e comunidade a contribuir financeiramente
- Incrementa a participação em actividades relacionadas com a Causa
- Apoia esforços de influência de mudança individual de comportamentos para melhoria de saúde pública, segurança, protecção ambiental
- Incrementa o capital social e a confiança
- Incrementa o número de voluntários e respectiva experiência, ideias, conhecimentos...
Benefícios para a Empresa
- Solidifica a reputação corporativa ao ser Percepcionada pelas acções que suportam a promessa de cidadania corporativa e responsabilidade social
- Contribui para o atingir global dos objectivos mediante a entrada em novos mercados/segmentos
- Atrai e fideliza empregados e colaboradores
- Reduz custos operativos ao adoptar novas práticas de negócio, tais como procedimentos que aumentam a eficiência
- Criam fortes relações com comunidade
- Suportam actividades de marketing que criam tráfico, incrementam o posicionamento, criam diferenciação, atraem novos clientes e aumentam vendas
O que espera para fazer parte desta Revolução?!
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[3] “Social Marketing: An Approach to Planned Social Change”, Kotler e Zaltman, 1971, Journal of Marketing
[4] In “Corporate Social Responsability”, Kotler e Lee, 2005, Wiley