A música (God Bless) Johnny é de 1994 mas este vídeo (raro) foi feito dois anos mais tarde

Além de ser uma arte, a música é uma linguagem e, como tal, uma forma de comunicar. E quanto melhor a música/letra mais fluida é a comunicação. A música não tem necessariamente que ter uma função social ou interventiva, mas pode tê-lo, e quando assim acontece a sua comunicação é um fim si mesmo.   

Esta observação inicial vem a propósito da notícia avançada ontem pela Lusa, anunciado o fim dos Da Weasel, um dos projectos musicais mais interessantes surgidos em Portugal nos últimos anos.

Musicalmente, muito bem feito, com a contribuição de músicos excelentes. E ao nível das letras, os seus autores foram conseguindo reflectir na escrita as mudanças, as inquietações, as perturbações ou os anseios que se verificaram sociedade portuguesa nestes últimos 17 anos de existência da banda.

O álbum 3º Capítulo, de 1997, é um dos melhores exemplos dessa capacidade de materializar na música um estado de alma de uma sociedade, naquela altura entusiasmada por um “novo riquismo” e com a Expo 98 à porta. A música “Todaagente” continua a ser uma das preferidas do autor deste poleiro.

Um dos aspectos mais interessantes a destacar na carreira dos Da Weasel foi a dinâmica do seu percurso. À medida que o seu projecto foi assumindo contornos de hip hop maduro e sofisticado, a comunicação foi-se intensificando com o público, com cuidados crescentes com a mensagem.

Mas na génese, e para quem conhece o “More Than 30 Motherf***s”, o primeiro EP da banda de 1994, encontra uns Da Weasel em bruto, despreocupados com uma lógica de comunicação de mensagem, cantando em inglês e focados numa estrutura musical soando ainda a “garagem”. Apesar disso, músicas como o (God Bless) Johnny ou Monkey King são também comunicação, mas mais da forma da expressão artística do que do conteúdo da mensagem.