O Jornalismo de Agência (de Comunicação) Não Existe
Consultor de Comunicação e Blogger
Não é que seja raro, não, não é. Mas por vezes detesto ter de concordar com Pacheco Pereira. Detesto, ponto. E como por vezes essa concordância me irrita. Olhem, assim como escrevo estas palavras irritado por ter de concordar com estas outras dele. Como me arrelia.
Não é jornalismo, não senhor, quando se escreve/descreve que Sócrates namora com fulana. Não é jornalismo publicar reportagens sobre as férias de Sócrates num qualquer paraíso algarvio. Não é jornalismo descrever as férias de Passos Coelho numa qualquer casa arrendada. Não é jornalismo publicar fotografias de Passos Coelho a escrever junto à piscina da tal casa. É lixo, é voyeurismo puro e duro. Igualzinho, sem tirar nem por àquele outro que pulula pela web em sites de pornografia. Uma vez vi Saramago, numa entrevista a Jô Soares, afirmar que pornográfica é a fome. Eu digo, pornografia não é apenas mostrar as maminhas da Britney Spears num topless numa qualquer praia das Caraíbas, esta invasão da privacidade é tão pornográfica como aquela outra de que vos falei no início.
Obviamente, para quem já o conhece e já se habituou aos seus escritos, Pacheco Pereira culpa as agências. Aliás, é Juiz, Advogado de acusação e Magistrado do MP nestas matérias. Tomando a nuvem por Juno. Pelo menos encontro, nesta matéria, um ponto para contrariar JPP e com isso me sentir mais aliviado. Mas não chega. Pois não.
Nem toda a assessoria de imprensa se rege por estas regras pornográficas. Nem toda a assessoria de comunicação entende a mentira como caminho para o sucesso. Uma coisa é maquilhar, outra é mentir. Uma coisa é valorizar um dado relativamente a outro e depois esperar que o receptor tome uma de duas decisões: ou seguir a dica ou estudar a dica. Outra, muito diferente, é falsear os dados. A verdadeira “obra de arte” da assessoria é conseguir olhar para os dados a divulgar e encontrar neles a perfeição. A mentira é querer transforma-los em excelência. Logo me lembro da “perna curta”.
Porém, e se foi o cliente a exigir ou a permitir a invasão de privacidade? Se foi a Pamela que colocou o vídeo com o Lee a circular na net? Hummm. Aqui a coisa pia mais fino. Nestas matérias recordo algo que escrevi no passado sobre um outro político português que, recentemente, convidou uma determinada revista do coração a entrar em sua casa, fotografando a dita e respectiva família: “Quando deixamos entrar a imprensa para o nosso quarto, já nada a pode impedir de fornicar connosco”. É a vida, como dizia o outro. E sendo-a, caro JPP, que não se culpe o “book”.
Sim, caro JPP, o “jornalismo de fretes e de encomenda” não é jornalismo entre aspas pois não é jornalismo de todo. Não sendo, da mesma forma, “de agência” pois este, quando é do bom, estilo “Barca Velha”, parte sempre de um pressuposto essencial: o nosso receptor não é parvo.
Fernando Moreira de Sá
Caro Rodrigo, aqui está a resposta ao teu desafio. Um pouco tardia, é certo e logo num dia em que estou de maus fígados mas é um prazer e um orgulho escrevinhar umas coisitas mal-amanhadas como estas para o teu magnífico PiaR. Um forte abraço para ti e para os leitores(as) do blogue.
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