Angola é hoje uma espécie de “El Dorado” para os novos aventureiros portugueses, numa altura em que aquele país africano parece querer recuperar os anos perdidos provocados por uma longa e destrutiva guerra civil. As oportunidades vão surgindo e as potencialidades são muito apelativas.
Se há quem tenha apenas agora olhado com atenção para Angola, outros já o fizeram há algum tempo. O que na verdade não pressupõe qualquer capacidade prospectiva trascendental, já que a África Lusófona é há muitos anos vista com um espaço natural de expansão e de investimento dos interesses portugueses.
Aliás, a “aposta” na África Lusófona tem tido ao longo dos anos uma corrente de apoio muito forte nas Necessidades, assim como um enquadramento estratégico bastante sustentado por parte de alguns académicos e especialsitas. No entanto, tal dinâmica nunca teve eco na liderança dos vários Governos nacionais. Nem mesmo durante o mandato de Durão Barroso - apesar de ter sido sempre um entusiasta pela aproximação à África Lusófona - não foi possível definir-se uma estratégia coerente e concertada.
Os “saltos” que têm sido dados nos últimos tempos devem-se sobretudo a uma lógica de negócio, levada a cabo por empresas nacionais ou indivíduos que partem sobretudo para Luanda na busca de valor acrescido. Um objectivo importante, nomeadamente numa altura em que Portugal vive uma situação de enorme fragilidade.
Esta realidade chamou a atenção do New York Times, que ontem publicou um extenso artigo sobre o facto de Portugal estar a investir em Angola para poder crescer.
Mas, o mais surpreendente (ou talvez não) e interessante, e que motivou estas linhas aqui no PiaR, é que o principal nome que materializa esta dinâmica é precisamente um homem das Public Relations. Qual Mota Engil, qual Unicer ou qual BES. Para o jornal americano, foi muito mais apelativo começar literalmente o artigo com o nome de António Cunha Vaz.
Um homem com um passado ligado a Angola e que em 2008 decidiu expandir o seu negócio da consultoria de Public Relations de Lisboa para Luanda. Os números que o New York Times apresenta já são conhecidos em Portugal, mas nem por isso deixaram de impressionar o jornalista daquele jornal. Em 2009, 37 por cento dos 22 milhões de euros de facturação total da Cunha Vaz & Associados vieram de Angola.
Depois de apresentar o exemplo de Cunha Vaz ao mundo (sim, porque o New York Times quando escreve é literalmente para o mundo), lá se foi desenvolvendo o artigo, mas não sem se encontrarem outras citações do mesmo.
É muito interessante ver como um dos maiores jornais do mundo dá primazia à opinião de um actor de Public Relations, relegando para segundo plano profissionais de outros sectores, como da banca ou da política.
Quanto ao conteúdo do artigo, o leitor destas linhas terá certamente a oportunidade de o dissecar mais tarde, sendo que o que importa agora é retirar aquilo que se considera ser as duas grandes virtudes do texto numa óptica de Public Relations.
Primeiro, este artigo vem beneficiar pela positiva o sector nacional das Public Relations, devido à valorização que explicitamente o NYT dá a esta área de actividade.
Muitos políticos, gestores, empresários ou economistas desta praça terão ficado surpreendidos ao constatarem o destaque dado a Cunha Vaz nesta matéria, tendo o NYT feito dele uma espécie de porta-voz da corrente de portugueses que passaram a investir em África.
A segunda grande virtude do artigo é mais focada no próprio negócio do Cunha Vaz, já que é muito difícil para uma empresa nacional que actua no sector das Public Relations alcançar este tipo de notoriedade.
Doravante, sugere humildemente o autor destas linhas, Cunha Vaz deverá andar acompanhado do “print” do referido artigo ou com o link memorizado no seu Smartphone. Uma “arma”, que embora não seja secreta, impressionará clientes e parceiros e será muito mais eficaz do que qualquer proposta de “new business” apresentada num power point todo floreado.
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