Terça-feira, 11 de Maio de 2010
Comparando os preparativos, condicionantes e mediatismo da visita do Papa Bento XVI com a última de João Paulo II, pelo que me recordo, não existem assim grandes diferenças. Mas se olharmos à opinião pública tudo agora é criticado.
Questionam-se os condicionamentos no trânsito, as verbas envolvidas na logística e a tolerância de ponto. Critica-se com Bento XVI. Com João Paulo II não. Porquê?
Por dois pontos. Imagem e Comunicação.
Imagem: João Paulo II tinha, de longe, muito melhor imagem pública do que Bento XVI. Era um melhor relações públicas. Logo criticá-lo não era “apetecível”.
Comunicação: antes também existiam críticas, mas eram reduzidas a poucos opinion makers em alguns jornais e revistas. Hoje todos são opinion makers através de diversos media, nomeadamente em blogs e redes sociais. Existe mais buzz.
De Alda Telles a 11 de Maio de 2010
Concordo com a tua análise, nomeadamente no que ao "empowerment" da opinião pública, através dos blogs e das redes sociais, realidade essa inexistente à época de João Paulo II.
Mas não podemos esquecer a profunda crise de reputação que a igreja católica atravessa, com a revelação de casos de pedofilia um pouco por todo o lado. Esta vulnerabilidade da igreja nunca antes tinha sido discutida de forma tão aberta, intensa e global.
Aproveito para recordar a análise que fiz sobre o tema há um mês: http://fontecodigofonte.wordpress.com/2010/04/04/igreja-catolica-e-comunicacao-de-crise/
Nesse sentido, podemos dizer que, mesmo apesar de alguma contestação popular, o enorme palco mediático que esta visita papal tem tido (e que vai intensificar) acaba por ser uma excelente operação de relações públicas para a igreja católica.
excelente aditivo Alda.
Obrigado
De ppp a 11 de Maio de 2010
De uma vez por todas é necessário distinguir a Igreja (Católica) e aqueles que a dirigem ou representam.
A verdade é que, apesar das críticas à instituição, as acções e imagem de J.Paulo II granjearam-lhe crédito mesmo junto daqueles que não se identificam com a instituição.
Invertendo o sentido das coisas, foi a personagem de João Paulo II a dar à Igreja atributos que ela até aí não possuia (ou, pelo menos, não lhe eram percepcionados), nomeadamente, tolerancia e humildade.
Provavelmente o erro não estará no actual papa mas sim numa instituição que, na verdade, nunca foi a imagem de J.Paulo II mas que se acomodou enquanto beneficiava do godwill por ela criada.
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