No Reino Unido a cena política está agitada, com as movimentações de bastidores a começarem a fazer-se sentir a poucos meses das eleições legislativas, que poderão pôr termo a um longo reinado do New Labour à frente dos desígnios britânicos.
Os trabalhistas, liderados pelo actual primeiro-ministro, Gordon Brown (58), e os conservadores, comandados por David Cameron (43), já arrancaram com as suas campanhas eleitorais.
Para já, e segundo Philip Snape, director da PSA Communcations citado pela PRWeek, o arranque das campanhas dos dois principais partidos foi "irrelevante" em termos de mensagem e de eficácia junto do eleitorado.
Talvez. Mas, o autor destas linhas está convicto de que se perspectiva uma campanha bastante agressiva e dinâmica, com os Democratas Liberais pelo meio, e que poderá proporcionar momentos muito interessantes em termos de comunicação política nas suas diferentes vertentes.
De certa maneira poderá assistir-se um embate entre diferentes paradigmas comunicacionais, um pouco à semelhança do que aconteceu com as últimas eleições norte-americanas: diferentes gerações e visões, diferentes abordagens na comunicação.
O embate entre Brown e Cameron encontra semelhanças no duelo que opôs John McCain a Barack Obama.Tal como este último, também Cameron emerge no palco eleitoral com uma imagem mais dinâmica e assertiva, contrastando com um Brown desgastado, naturalmente, pelos anos poder.
Começa a perceber-se que Cameron centrará a estratégia eleitoral na sua pessoa, potenciando factores como a juventude, a simpatia, a proximidade com as novas realidades sociais e tecnológicas ou a sensibilização para os problemas da sustentabilidade.
O seu ar mais descontraído será igualmente um factor a ter em conta. No entanto, isto não signica que a estratégia eleitoral descure um planeamento minucioso. Num artigo de opinião do Independent lia-se que a equipa de Cameron não vai deixar nada ao acaso e que improviso é coisa que não vai existir na estratégia eleitoral.
David Cameron é um homem das public relations, visto ter sido profissional desta área, e compreende perfeitamente as sensibilidades da opinião pública, algo que Gordon Brown nunca conseguiu dominar (longe das capacidades comunicacionais do seu antecessor Tony Blair).
É por isso que o Independent sublinhava que Cameron vai projectar uma imagem de um "homem decente que quer ser primeiro-ministro para fazer o melhor pelo país". Ora, Brown, independentemente das suas qualidades e intentos, jamais conseguirá transmitir esta ideia.
Isto não significa que o combate esteja perdido à partida para Gordon Brown. Pelo contrário, os argumentos políticos vão ser fundamentais durante todo o processo comunicacional, e neste capítulo, Brown tem importantes trunfos a apresentar.
Além disso, as "skills" de Cameron nas public relations poderão, ironicamente, tornar-se num incómodo difícil de gerir para si. Porque, como aconselha Lance Price, antigo "spin doctor" de Downing Street, o que Brown terá que fazer é o seguinte:
"The man who levels with the public best will win. So the Prime Minister should turn what looks like his big weakness into a strength. He's been a poor salesman for Labour's policies and ideals. Cameron is far slicker. Brown should admit it but ask if the country needs a PR man or somebody who understands that what is needed is hard graft - by the people as well as the Government."
do métier
o que é nacional é bom
directórios
torre do tombo
lá por fora
David Brain's Sixty Second View
bibliotecas
movimentações
fora da caixa