Numa breve introdução histórica, mas interessante, o autor revela que aquelas concepções de RP estão longe de estarem assimiladas pelo universo português. Algo que se reflecte no desconhecimento profundo demonstrado por pessoas que, à partida, teriam a responsabilidade de estarem informados sobre uma actividade, que o próprio autor informa ter dado os primeiros passos sólidos no início do século XX nos Estados Unidos.
Nomes como Pacheco Pereira ou Eduardo Cintra Torres são dados como exemplos de profunda ignorância sobre as relações públicas em Portugal.
Seja como for, Renato Póvoa rebate a má imagem veiculada por aqueles opinion makers, e sublinha que as RP têm como objectivo maior a procura do “equilíbrio do bem estar social”.
Um equilíbrio possível apenas através de um relacionamento entre as empresas e os vários públicos. Porém, nesta dinâmica surge uma das principais problemáticas das RP em Portugal: a (não) valorização do sector junto dos organismos e das empresas.
“A actividade das relações públicas, na maior parte das organizações, é vista como algo não estratégico, acessório, ou mesmo um fardo”, refere o autor, que depois deixa a solução: “Para esta função ser respeitada e valorizada, terá de ser reconhecida (...) na estrutura organizacional.”
A partir daqui, explica o Renato, terá de haver uma coordenação entre os interesses privados e o público, numa equação em que as empresas devem “encarar a responsabilidade social como algo sério que deve ser implementado ao longo de todo o ano, com base numa planificação atempada (…)”.
E para que o trabalho das RP seja consequente e sério é preciso desconstruir os mitos do sector, explanados ao longo de várias páginas, que deviam ser lidos atentamente pelos “amigos” dos consultores e, também, pelos tais directores de comunicação.
Ainda no campo dos mitos, embora a sua desconstrução seja praticamente aceite por todos, Renato Póvoas deixa um número interessante e revelador da ineficácia dos press release. Citando um estudo espanhol, o autor informa que 85 por cento dos comunicados enviados para as redacções vão directamente para o lixo.
No âmbito da actividade dos RP, o Renato deixa informações e orientações válidas, que muitas das vezes parecem estar esquecidas em muitas agências de comunicação e ausentes no trabalho diário dos consultores. Também muito importantes são os valores basilares da actividade: verdade, lealdade, confidencialidade e liberdade.
Quanto à actividade si, Renato Póvoas tem uma visão optimista, revelando que as RP estão numa “fase de afirmação” em Portugal, exigindo cada vez mais criatividade aos consultores.
Os últimos capítulos do livro são dedicados às RP de guerrilha e ao fenómeno do Buzz. Por último, aborda a questão da comunicação digital, finalizando o livro com as perspectivas das tendências das relações públicas.